Para o anestesiologistas as alterações respiratórias, hematológicas, cardiovasculares e gastrointestinais são as mais temidas por terem implicações diretas no manejo anestésico.
Dra. Marília Camelo 15/01/2019
Durante a gestação, ocorrem alterações em quase todos os sistemas do organismo materno, que durarão até o puerpério. É de suma importância relacionar essas alterações fisiológicas para se obter um manejo anestésico seguro.
Para o anestesiologistas as alterações respiratórias, hematológicas, cardiovasculares e gastrointestinais são as mais temidas por terem implicações diretas no manejo anestésico. As vias aéreas superiores se tornam ingurgitadas e friáveis, predispondo à ocorrência de trauma, sangramento e obstrução – em situações de manipulação, como a laringoscopia e a intubação. O índice de Mallampati (que prevê a dificuldade de intubação) está alterado e há 8 vezes mais chances dessas pacientes serem portadoras de via aérea difícil.
As grávidas são sempre consideradas como pacientes de “estômago cheio”,mesmo que estejam de jejum, pois há retardo no esvaziamento gástrico e risco de aspiração pulmonar das secreções gástricas. A incidência pode ser maior nas obesas, gestações múltiplas e polidrâmnio.
Essas pacientes, também, são anêmicas, uma vez que a gestação aumenta o volume plasmático, mas a massa de hemácias permanece inalterada, levando ao que chamamos de anemia dilucional. O tamanho aumentado do útero gravídico promove compressão da veia cava inferior quando a paciente assume o decúbito dorsal, desde a 20ª semana gestacional, diminuindo o retorno venoso e prejudicando tanto o débito cardíaco como o fluxo o placentário, e, evidentemente, a oxigenação fetal. Por isso é comum vermos gestantes sendo orientadas a deitarem-se em decúbito lateral esquerdo, de forma que se evite a compressão da veia cava inferior e todas essas repercussões acima descritas.