A Paralisia Residual Pós-Operatória e o aumento da morbimortalidade
A Paralisia Residual Pós-Operatória e o aumento da morbimortalidade
A monitorização do bloqueio neuromuscular (BNM) é o único meio seguro de avaliar e confirmar a reversão completa.
Equipe Portal Anestesia 15/03/2019
Os pacientes submetidos a cirurgias podem apresentar diversas complicações pós-operatórias. Dentre as mais frequentes e perigosas, estão as complicações respiratórias, como a pneumonia e as atelectasias.
A idade avançada dos pacientes, as cirurgias de abdômen superior e torácica, e a paralisia residual pós-operatória são fatores de risco para a ocorrência dessas complicações.
A paralisia residual é definida como uma sequência de 4 estímulos inferiores a 90%, durante a monitorização neuromuscular no pós-operatório imediato. Alguns estudos associaram esse quadro ao aumento nas taxas de morbidade e mortalidade pós-operatórias, e na incidência dos eventos respiratórios críticos, assim como a estadias na sala de recuperação pós-anestésica prolongadas.
O uso dos agentes bloqueadores neuromusculares (ABNMs) pode estar relacionado à ocorrência da paralisia residual pós-operatória.
A prevenção da paralisia residual pós-operatória baseia-se na reversão completa dos efeitos dos ABNMs adespolarizantes, com a administração de agentes anticolinesterásicos ou de um reversor específico, que no caso do rocurônio é o sugamadex. A monitorização do bloqueio neuromuscular (BNM) é o único meio seguro de avaliar e confirmar a reversão completa.
Em anestesia, o anticolinesterásico mais usado é a neostigmina, na dose de 0,04 mg/kg pela via intravenosa. O medicamento apresenta pico de ação entre 7 e 11 minutos, e latência muito variável para a reversão completa do BNM, que pode chegar a 80 minutos, dependendo do grau do bloqueio.
Os anticolinesterásicos possuem várias limitações de uso, pois não revertem o BNM profundo e geram eventos adversos em diferentes sistemas e órgãos devido à ação muscarínica. Eles apresentam efeito teto, e a técnica anestésica empregada, inalatória ou venosa, pode influenciar a sua capacidade de reversão.
Mesmo os pacientes tratados com ABNMs de ação intermediária ou curta podem manifestar a paralisia residual na sala de recuperação pós-anestésica, apesar da reversão farmacológica com os anticolinesterásicos.
O sugamadex é uma gama-ciclodextrina que reverte o BNM induzido pelo rocurônio. Uma das características que faz com que o sugamadex seja farmacodinamicamente tão diferente dos anticolinesterásicos disponíveis no mercado é o seu efeito mais rápido e previsível, independente da profundidade do bloqueio.
Ao contrário do que acontece com a neostigmina, a escolha do agente anestésico não influencia a capacidade do sugamadex de reverter o BNM induzido pelo rocurônio.
Além dessas vantagens está a ausência de eventos adversos significativos associados ao uso do sugamadex.
Desta forma, conclui-se que o sugamadex oferece rápida reversão do BNM, apresenta valores de TOF mais elevados durante a extubação, reduz o risco de paralisia residual e, consequentemente, diminui a possibilidade de ocorrência das complicações respiratórias no pós-operatório.