O estudo APRICOT em 2017
demonstrou a incidência de
eventos críticos em pediatria em
261 hospitais da Europa.
Nesse estudo foi possível avaliar
que as complicações que
ocorriam em neonatos,
especialmente em prematuros,
diferia bastante das
complicações apresentadas pelas
crianças com idade mais
avançada.
Esse achado despertou o
interesse para a realização de um
estudo que pesquisasse a
incidência de morbidade e
mortalidade nesse grupo de
crianças em particular.
No estudo APRICOT apenas
10,6% dos pacientes tinham idade
inferior a 1 ano.
O estudo NECTARINE é uma
continuação natural do estudo
APRICOT e foi realizado na
Europa.
O estudo pretendia avaliar os
seguintes tópicos:
Qual a incidência de intervenções
ou tratamentos realizados em
resposta aos eventos críticos?
Qual a morbidade e mortalidade
em 30 e 90 dias no pós
operatório?
-
Morbidades: neurológicas,
cirúrgicas, respiratórias,
cardiovascular, hepática e renal.
-
Desfecho em 90 dias e
readmissão hospitalar.
Quais são os fatores de risco para
morbidade e eventos críticos?
Qual é a prática atual da
anestesia neonatal?
População estudada:
Neonatos e prematuros com
idade pós conceptual de até 60
semanas corrigidas – resultando
em 5000 pacientes avaliados em
um período de 12 semanas.
Intervenções avaliadas:
- Manejo de via aérea
-
Oxigenação
-
Ventilação alveolar
-
Glicemia e natremia.
-
Instabilidade cardiovascular
-
Temperatura corporal
-
Oxigenação cerebral
-
Anemia
Alguns desfechos interessantes:
A maioria das intervenções da
oxigenação só ocorreram quando
a saturação arterial atingiu o valor
de 85%.
A hipotensão na maioria dos
casos só foi tratada após uma
queda de 30% no valor da
pressão arterial sistólica.
Em 97,8% dos casos houve
sucesso na intubação
orotraqueal, porém em 13,3%
dos pacientes ocorreu dificuldade
para a ventilação sob máscara
facial, 39,5% tiveram queda de
oxigenação e 7,7% tiveram
bradicardia durante a tentativa.
A indecência de mortalidade em
30 dias foi de 17%!!!! E a de
morbidade 3,2%.
A principal causa de morbidade
em 30 dias foi de origem
respiratória, sendo seguida por
complicações cirúrgicas,
cardiovasculares, neurológicas,
renais e Hepáticas.
A principal causa de mortalidade
foi a sepse.
A incidência combinada de
hipotensão, hipoxemia e anemia
contribuiu para uma elevação da
morbidade com um risco relativo
de 3,3.
Também teve um risco
relativo para aumento de
mortalidade de 19.8!!!!
Mais uma vez, foi possível
concluir que quanto menor a
idade da criança maior o risco de
incidência de desfechos
negativos; 35,7% das crianças com
eventos críticos eram
prematuras; 43,8% apresentavam
anormalidades cardíacas;
Os tratamentos mais aplicados
para as complicações foram:
Oxigenação: FiO2 100%,
ventilação manual, IOT
emergencial.
Ventilação: mudança do modo
ventilatório, ventilação manual.
Hipotensão: bolus de cristaloide
ou albumina, plaquetas, mudança
na profundidade anestésica.
Efedrina, noradrenalina,
felinefrina, dopamina,
dobutamina, epinefrina.
Bradicardia: atropina, epinefrina,
desfibrilação.
Temperatura: aquecimento ativo,
fluidos aquecidos.
Alteração do NIRS (monitor de
oxigenação cerebral): correção
da hipotensão, melhora da
oxigenação.
É importante destacar a
necessidade de que seja
realizada uma cuidadosa
avaliação pré anestésica nesses
pacientes, mesmo que para
procedimentos simples e que
essas crianças sejam levadas pra
procedimento cirúrgico apenas
quando otimizadas
adequadamente quanto a suas
condições de saúde
perioperatorias, otimizando a
função hemodinâmica.
A ocorrência de dessaturação,
hipotensão e anemia leva a um
ciclo vicioso no qual um aumenta
a ocorrência do outro e perpetua
o quadro.
A estabilidade no intraoperatorio
afeta o desfecho desses
pacientes. Portanto é necessário
que esteja disponível
monitorização ampla e confiável e
interpretação adequada da
mesma.
A mortalidade geral no estudo foi
de 3,2%, mas quando
observamos a mortalidade
especificamente nos neonatos a
incidência foi de 4,1%!
É preciso melhor o enfoque na
avaliação pré operatória, na
otimização das condições para a
cirurgia, tempo e timing para
operar o paciente, manutenção
da estabilidade no intraoperatorio
e seguimento a curto e longo
prazo.
Para finalizar!!
Preste atenção: nas condições
que são fatores de risco e que
podem ser corrigíveis.
Lembre que: é necessário uma
harmonização da prática
anestésica nesses pacientes e
uma busca pelo ensino
continuado quando se trata da
anestesia pediátrica nessa
população de neonatos e
crianças com idade inferior a 1
ano nascidas prematuras.